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"Zushi No Nikki" - Diário Ilustrado

Atualizado: 17 de jun.

Galeria Sá da Costa | Lisboa | 2018

Ângela Dias, Ângelo Encarnação, Eduarda Rosa e Luís Silveirinha

“Por aqui já andou o meu cavalo”

Sei Shonagon



“Zushi No Nikki, Diário Ilustrado” é um projeto de quatro artistas, Ângela Dias, Ângelo

Encarnação, Eduarda Rosa e Luís Silveirinha, que têm vindo a trabalhar na área do

desenho, da pintura e produção de objetos.


O projeto “Zushi No Nikki, Diário Ilustrado” apropria-se do livro Makura no Soshi (The Pillow

Book) de Sei Shonagon, dama da corte da Imperatriz Sadako, no Japão do século X, livro de

notas informais que era guardado no interior das almofadas de madeira. Sei Shonagon,

escreve pensamentos do seu dia-a-dia, notas sobre o que a rodeia e impressiona, o agradável

versus desagradável, amor versus ódio, vida e morte, poesia, luz e sombras, a expetativa, o

sucesso e o fracasso, a realização de listas que se enumeram e que para além de memórias,

são jogos de sedução, de desafio, de códigos inescrutáveis, de códigos de organização, de

intuição e do sensível. Com cerca de trezentos textos curtos, que podem ir de algumas páginas a uma única linha, que podem ser lidos em sequência ou com a liberdade do acaso, o livro compõe um belo inventário da cultura do Japão feudal, vista pelo olhar poético da escritora. É também a porta de entrada para o universo de costumes, valores e atitudes mentais que moldam até hoje, a base da vida do Japão.


O projeto abre ainda ao filme de Peter Greenaway de 1996, intitulado” The Pillow Book”,

baseado no livro de cabeceira de Sei Shonagon, sublinhando o corpo como papel, o corpo

como plano para a escrita do diário, o corpo como base, panfleto, real, como um livro aberto. O texto e a caligrafia são a maior motivação deste filme. Os rituais estão rodeados de caligrafia como a escrita está rodeada de rituais. O texto torna-se corpo e vida num ritual público.

Não é por acaso que Georges Perec, nos seus textos Penser/classer cita Sei Shonagon.

Também ele se interessou por sistemas de classificação, modelos taxonómicos como listas, catálogos, verbetes e índices”, é verdade que mostram a “insuficiência de qualquer sistema de classificação humano” mostrando a possibilidade do caótico.

Interessam a possibilidade e a insuficiência da classificação, do caótico e da sua possibilidade, como forma de nos mostrarmos regentes de um tempo.


Os quatro artistas seguem direções, movimentos, querem sinalizar, entendendo o dia-a-dia, o

comum, o espanto, o admirável dos dias, lapidando um espaço de observação para a

construção de um livro de cabeceira, que seja sinalizador de um tempo, de um espaço,

possibilitando a criação de uma raiz, ordem, caos, “mais do que verdadeiro”. Jacques Lacan

refere que o real, ou o que é percebido como tal, é o que resiste absolutamente à simbolização. Nos diversos espaços de produção, o espaço maior, o enigma é essa resistência.

 

Lisboa

Janeiro 2018



OBRAS ADQUIRIDAS


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EXPOSIÇÃO COLETIVA

"ZUSHI NO NIKKI" - DIÁRIO ILUSTRADO | 2018

"Cortina"

Material: aguarela e tinta de carimbo s/papel

Medidas: 21 x 14,8cm



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EXPOSIÇÃO COLETIVA

"ZUSHI NO NIKKI" - DIÁRIO ILUSTRADO | 2018

"Some fellows arrive carrying a long box"

Material: aguarela, guache e tinta de carimbo s/papel

Medidas: 21 x 14,8cm



 
 
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